Mensagem Presidente do Júri

Fazer parte do júri de um prémio nacional de fotografia tem uma especial particularidade. Quase como um convite para jantar que por insistência dos donos da casa se transformasse em estadia prolongada, cria uma certa forma de intimidade que não se mereceu, uma familiaridade única, através do olhar, com tudo o que um país tem de esperanças e fracassos.

Os membros do júri do prémio ESTAÇÃO IMAGEM | MORA 2010 têm enorme experiência de escolher e premiar fotografias. Mas este não foi só ‘mais outro’ júri, o contacto com uma panorâmica completamente desconhecida por nós foi motivo de geral entusiasmo.

Este prémio tem a particularidade de se cingir à reportagem, e o poder narrativo, a unidade de estilo e a pertinência do tema foram pois os elementos determinantes na escolha do júri. A falta de um deles levou-nos a excluir alguns trabalhos com estupendas imagens.

Cheguei a Mora, evitando na viagem as cinzas do vulcão islandês, com a firme esperança de encontrar nas fotografias concorrentes as subtilezas de tonalidade que tanto admiro na literatura portuguesa. E assim foi. Embora não sendo ficção, as imagens que vi rasgaram horizontes. Como não imaginar o que será S. João da Madeira depois de mais umas tantas crises? Como evitar que se reflicta em mim, ou no que de mim dizem os objectos de que me rodeio, o suave retrato das gentes do Bouça? Como não achar que a campanha do PSD lhe daria a vitória, a não ser mesmo no fim da reportagem? E o Sabor tomou para sempre outro significado perante as inesquecíveis imagens de Paulo Pimenta.

Fazemos votos para que o Alentejo e a fotografia continuem a progredir a par. Ao atribuir a bolsa em concurso a João Carvalho Pina, o júri do Prémio ESTAÇÃO IMAGEM | MORA valoriza a fotografia como memória viva do tempo, mas não na óptica nostálgica do passado – antes projectando uma visão de futuro.

AYPERI KARABUDA ECER
Abril 2010

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