Portugal foi devastado em 2017 pelos incêndios mais fatais da história do país. Entre Junho e Outubro mataram mais de cem pessoas e consumiram desde o início do ano, principalmente no Centro do país, mais de 440 000 hectares de floresta e mato, um novo recorde de área queimada, de acordo os dados oficiais. Condições climáticas atípicas, como secas severas e múltiplas ondas de calor, foram apontadas como as principais causas. Para as populações locais, também a resposta insuficiente por parte das autoridades fazia com que se sentissem abandonadas e desamparadas enquanto as chamas consumiam suas casas e meios de subsistência.

Um jovem refugiado ao anoitecer num dia de Inverno com zero graus, depois de se ter lavado com água aquecida ao lume, debaixo duma ponte junto à fronteira entre a Sérvia e a Croácia. Desde o fecho das fronteiras pela União Europeia, a 1 de Fevereiro de 2016, centenas de refugiados sobrevivem nesta fronteira, num espaço a que já chamam «a selva», sem recursos e com perseguições policiais diárias. 

Durante o Verão mais seco dos últimos 90 anos, os incêndios florestais tomaram conta do Centro e Norte do país. Em Tondela, na noite de 15 de Outubro de 2017, as chamas invadiram todo o concelho e entraram pela cidade. Sem bombeiros disponíveis para acudir a todas as frentes, os populares tentaram conter as chamas com todos os meios. 

Rafael Leão pontapeia a cara do seu colega de equipa Matheus Oliveira, durante o jogo entre a ARC Oleiros e o Sporting CP no Estádio Municipal de Oleiros, a contar para a terceira eliminatória da Taça de Portugal 2017/18.

Mais de 100 pessoas morreram vítimas dos incêndios em Portugal, tornando 2017 o ano mais trágico na história. Altas temperaturas, ventos fortes e a falta de humidade chegaram a gerar 523 incêndios num só dia de Outubro. Em Junho, o incêndio de Pedrogão Grande só foi extinto uma semana depois e deixou 500 milhões de euros de prejuízos e 64 vítimas mortais directas. Muitos morreram dentro dos carros durante a fuga, muitos morreram nas suas casas sem conseguir fugir, depois de uma falha nas comunicações da Protecção Civil, que deixou a população entregue à sua sorte. Em Outubro, nos incêndios do distrito de Coimbra morreram mais 45 pessoas e cerca de mil casas ficaram destruídas.

Num mundo arcaico e agreste de montanhas e planaltos que ligam as regiões do Minho e de Trás-os-Montes, a relação entre as condições naturais e o esforço humano constitui uma trama espessa e indissolúvel que ajuda à compreensão das gentes e dos lugares. Seguindo as linhas frágeis de um presente desligado de uma ideia de futuro, «Maciço Antigo» aborda a mutação do mundo rural português, numa lógica de observação dos processos que actuam sobre os sistemas de crenças, as espiritualidades e modos de vida.

Não existe porque não se vê, mas ele está lá. Um labirinto de tijolo e brita tapa a vista e dilui a curiosidade, mas o Bairro 6 de Maio em Lisboa existe mesmo que não queiramos. Fundindo uma favela de luso-africanos renegados num teatro dos negócios do submundo. Maior que o lixo apenas o choque: descobrir que a cada desvio do labirinto ainda existem histórias de gente que já quase não o é fazendo o que pode para sobreviver: droga, armas e prostituição. Ainda assim, o mais ensurdecedor dos ruídos é o silêncio de uma Capital. 

Considerado um dos mercados de droga mais incontroláveis do Porto, o Bairro do Aleixo já não é o que era. Das 5 torres habitacionais restam 3, mas o processo de demolição que começou em 2011, na esperança de acabar com os problemas, foi interrompido. Uns querem ficar na casa onde cresceram, outros lutam diariamente para mudar de vida. Cinco anos depois do início das demolições, há ainda mais de 300 pessoas lá instaladas. Na Torre 1, a mais problemática, a falta de elevador obriga moradores doentes a ficarem presos em casa, num ambiente doentio de humidade e destruição.

Foram precisos 52 anos para o círculo se fechar. Em 1965, durante a Guerra Colonial de Angola, um grupo de soldados portugueses encontrou uma bebé no mato. Batizaram-na Isabel Batata Doce e trouxeram-na para Portugal, onde cresceu sem saber do seu passado. Esta é história dos dias em que Isabel regressou à sua terra, reencontrou os sorrisos da família e chorou ao percorrer os caminhos onde um dia se perdeu, percebeu quem era e nasceu de novo. As imagens foram captadas em Junho de 2017. 

Cidade bimilenária, Braga é uma das cidades cristãs mais antigas do mundo, com um vasto património religioso e um centro histórico pejado de igrejas. As celebrações da Semana Santa remontam ao século IV, durante a qual se realizam quatro grandiosas procissões que atraem milhares de turistas. No domingo é a Procissão dos Passos; na quarta-feira, a Procissão da Burrinha; na quinta, a Procissão de Ecce Homo; e, na sexta, a solene Procissão Teofórica do Enterro do Senhor.

Um autêntico inferno na terra. Junho e Outubro de 2017, dois meses que mergulharam Portugal num luto profundo e difícil de ultrapassar. Mais de cem mortos, casas destruídas, vidas de trabalho levadas pelo fogo descontrolado. Pessoas que foram deixadas ao abandono, entregues a si mesmas, a lutarem contra as labaredas com todas as suas forças. Os dias seguintes foram de desabafo sem filtro, mas o cheiro a queimado manteve-se durante dias, até meses.

Chaga é um ensaio fotográfico sobre o cancro da mama na Mulher em que a doença e o Amor entram em conflito. O universo feminino abordado vai dos 25 aos 45 anos. A doença é transversal na idade e no estrato social. Muitas mulheres são abandonadas pelos companheiros quando a doença é diagnosticada, outras relações perdem-se na via-sacra dos tratamentos. Poucos são os homens que ultrapassam o calvário. Há mães e filhos que partilham a incerteza e o sofrimento diário. Questiona-se o Amor. Enfrenta-se a solidão e o abandono. 

A acção e os seus efeitos. Um grupo de barbeiros participa numa iniciativa voluntária com pessoas em situação de indigência em conjunto com a Acredito – Associação de Apoio a Pessoas Sem-Abrigo. «Mai Novo» foi a resposta que mais obtive, quando questionava como é que as pessoas se sentiam depois. Falavam também da maior reverência e respeito com que passavam a ser olhados pelos outros. Os barbeiros Carlos, Edson, João Ramos, João Pereira, João Rato, Ricardo e Bruno, juntamente com o José Pinto, a Carmo Fernandes e todas as pessoas da Acredito, mostram-nos que podemos sempre fazer algo que pode melhorar a vida de outra pessoa.

Alexandre Albernaz é um dos vários atletas paraolímpicos que sofrem diariamente as vicissitudes de uma vida já de si condicionada mas ainda mais dificultada pela ausência dos devidos apoios estatais. Paraplégico desde os seis anos, Alexandre conseguiu cumprir em 2016 o sonho de estar nos Jogos Olímpicos do Brasil, mesmo que não tenha chegado a competir. A rotina dos seus dias estende-se de casa até à piscina onde treina, nem que para isso tenha de apanhar dois autocarros para fazer uma distância de cerca de 10 quilómetros. «É dentro de água que me sinto bem, ali somos todos iguais.»

A cartografia da emigração portuguesa é feita de rugas, sulcos na raia e no rosto. A partida do emigrante está indelevelmente associada à carência, à prática de resistência e fuga a situações de precariedade, e por isso associada ao estigma de sujeição e a condições de clandestinidade. Esta cicatriz é também tatuagem, marca indelével e orgulhosa, construtora de identidade, amarrada a rios, serras e pontes, códigos secretos, cumplicidades de pessoas e animais. «Dar o salto» ou «ir de assalto» são termos associados ao fenómeno de emigração clandestina para França, sobretudo durante a década de 60.

Uma geração de estudantes sem fronteiras. Aptos para tudo em qualquer área. Aproveitando a tecnologia, gerem melhor o seu tempo, onde e como o dedicar. São inteligentes e inovadores, mas também responsáveis e cientes do que se passa a sua volta. E divertem-se. Os estudantes de hoje gozam de uma liberdade nunca vivida por gerações anteriores. Exprimem as suas vontades e reivindicam os seus direitos. Deixaram de ser locais para serem globais. Deixaram de pensar pequeno para pensar grande. É a geração X.