Em Setembro de 2017, e depois de muitos anos, tive a felicidade de encontrar o Luís Vasconcelos, um rosto que me era familiar dos meus primeiros tempos de carreira fotográfica em Portugal e Espanha nos anos 80.

À mesa de um café, fiquei desde logo motivado pelo elogio e honrado pelo convite que me dirigiu para presidir ao júri do concurso de fotografia da Estação Imagem para 2018 – um concurso sobre o qual ouvira apreciações muito favoráveis feitas por vários amigos ao longo dos anos.

Ao saber dos restantes elementos do júri – Tanya Habjouqa, Sara Naomi Lewkowicz e Marco Longari – percebi que estaria na excelente companhia de um grupo de colegas com grande capacidade de discernimento, três talentosos fotógrafos profissionais largamente reconhecidos.

A linda cidade de Coimbra foi assim o nosso destino, e os nossos anfitriões esmeraram-se a introduzir-nos a esta cidade de história e cultura magníficas.

Para além disso, várias exposições de fotografia, com uma curadoria muito cuidada, estiveram abertas ao público em vários espaços da cidade, bem como oficinas dirigidas às novas gerações de fotógrafos portugueses. Toda esta oferta faz parte do programa do festival de fotografia da Estação Imagem iniciado em 2010.

Tenho participado em vários júris de fotografia ao longo dos anos. Posso dizer, com toda a confiança, que a organização e mostra do trabalho a concurso foi impecável. O excelente acolhimento pelos nossos anfitriões, a comida e bebida absolutamente soberbas e o belo espaço de recepção, tornaram esta experiência muito agradável e plena de sentido.

Uma vez que as fotografias a concurso chegaram ao júri anonimamente, só depois de decidirmos sobre o vencedor do prémio geral é que ficámos a saber que se tratava de uma mulher – Patrícia de Melo Moreira venceu com as imagens poderosas e inesquecíveis dos fogos mortais que assolaram Portugal em 2017. Este desfecho foi ainda mais feliz dada a sub-representação das mulheres no campo do fotojornalismo.

A Fotografia do Ano, atribuída a Gabriel Tizón, foi para nós surpreendente ao ponto de solicitarmos o ficheiro original só para ver se os nossos olhos não nos enganavam. Não estávamos enganados, de todo.  Passámos bastante tempo a comentar a originalidade daquela fotografia, a eficácia contemplativa no destacar da crise dos refugiados, parte da realidade europeia há já vários anos.

Igualmente de alto valor, os vencedores nas outras categorias e vencedores das bolsas.  É entusiasmante ficar a saber que o fotojornalismo em Portugal e na Galiza está bem vivo, tal como se comprova pela elevada qualidade dos trabalhos apresentados nesta edição.

Os três eixos programáticos da Estação Imagem – concurso, exposições e oficinas – são fundamentais para o reconhecimento, mostra e desenvolvimento do campo felizmente diversificado do fotojornalismo – onde se combina, e de forma singular, criatividade e jornalismo.

Espero que o evento continue a crescer e a prosperar e terei o maior gosto em ficar em contacto com o Luís Vasconcelos e a sua equipa.

SANTIAGO LYON
Nova Iorque. Maio 2018