36 anos volvidos depois da revolução de Abril de 1974, o Alentejo deixou de ser o tubo de ensaio do processo revolucionário em curso (PREC). Durante o final dos anos 70 e início dos anos 80, a região deixou por alguns momentos de ser a terra do latifundiário para ser controlada pelos que antes estavam submetidos ao poder económico, e assim abrir uma janela de esperança.
O que proponho como projecto para a bolsa da Estação Imagem 2010 é documentar o contraste do ideal revolucionário, a formação de cooperativas, sindicatos, reforma agrária, todas as formas de organização política nascidas da revolução bolchevique e do sonho do comunismo internacional, a actualidade económica da região centrada na agricultura, exploração das minas e indústria cortiçeira.
Quero regressar a lugares históricos como Baleizão, Minas de Aljustrel entre outros, para fotografar a realidade local no século XXI contrastando-a com os lugares e pessoas que intervieram na história recente de Portugal e ao mesmo tempo mostrar como este território tem mudado de forma silenciosa.
Como mostro no meu portfólio, a minha ideia é fotografar as fábricas, campos e cooperativas para entender como actuam e que exemplos sobreviveram ao PREC. Ao mesmo tempo quero também mostrar em que circunstâncias actuam os actores socio-económicos na região e de que forma as novas gerações estão politizadas e actuam na sociedade alentejana.
O meu plano para a execução deste projecto, será desenvolvido nos distritos de Évora e Beja, bem como nas Minas de Aljustrel e Baleizão durante o verão e outono de 2010, período em que as actividades económicas dominantes são mais activas na região e como tal com maior efervescência social.
João Carvalho Pina
Abril de 2010
A ESTAÇÃO IMAGEM, com o apoio da Câmara Municipal de Mora, atribuiu, entre 2010 e 2014, uma bolsa anual destinada à realização de um projecto documental sobre o Alentejo. Os trabalhos foram publicados em livro e divulgados através de exposições itinerantes.