Mensagem Presidente do Júri

No início de 2022, poucos imaginavam que uma grande guerra aconteceria no continente europeu pela primeira vez em décadas. Uma guerra que trouxe imagens de violência, destruição e horror aos olhos de milhões de pessoas em todo o mundo. A enormidade do caos é tão inacreditável quanto inconcebível – milhares de civis mortos sem sentido, milhões forçados a fugir de suas casas provocando a maior crise de refugiados do século. 

Tal como qualquer outra história, a guerra na Ucrânia lembra-nos da importância permanente dos fotojornalistas. Profissionais que passam por dificuldades bastante significativas e que arriscam as suas vidas para nos mostrar o mundo em que habitamos. A sua missão de testemunhar, documentar, responsabilizar o poder e explicar um mundo interconectado, nunca foi tão vital e indispensável.

As fotografias desta colecção são um testemunho dessa missão. Por trás de cada imagem fascinante que vemos, há um fotógrafo corajoso e determinado no terreno, que arrisca tudo para contar a história de outra pessoa.

Rui Duarte Silva trouxe-nos uma imagem comovente desde a linha da frente desta guerra. No elevador de uma maternidade, bebés recém-nascidos nos braços das mães que descem para um refúgio anti-bomba fora do alcance dos mísseis russos.

Adra Pallón parecia habitar no meio dos incêndios florestais que deflagraram na Galiza. As imagens dos bombeiros a combater as chamas são uma chamada de atenção aterrorizante sobre as rápidas mudanças climáticas à escala global. 

Dar a ver os cenários de guerras e conflitos acaba por mostrar a riqueza da vida. O abraço carinhoso de uma mãe dançando com a filha no seu pátio demolido enquanto se preocupava em proteger os filhos durante a pandemia da covid-19. Ou as imagens da corajosa Tânia Chaves que, superando um cancro, bem como as limitações de uma perna amputada, sagra-se campeã nacional de escalada adaptada.

Os melhores fotógrafos são meros observadores a trabalhar nos bastidores, tantas vezes sem o devido reconhecimento ou mesmo desvalorizados. Porém, e no meu entender, são heróis.

DAVID FURST SETEMBRO 2022