No bairro do Iraque (Carrazeda de Ansiães, Trás-os-Montes), vive uma comunidade de cerca de cento e vinte pessoas de etnia cigana, que até aos anos noventa andavam de aldeia em aldeia fazendo pequenos arranjos, vendendo cestos e utensílios para cavalos. Com o fim da agricultura tradicional o seu modo de vida terminou. Expulsos do acampamento no centro da vila, foram deslocados para o topo de um monte, onde nos anos quarenta laborava uma mina de volfrâmio alemã, actualmente lixeira de materiais de construção. Só têm acesso à electricidade dos postes públicos quando os caminhos se iluminam. Além dos apoios sociais, as famílias vivem do negócio da sucata, do trabalho na jeira, vendendo algumas cabras e outros animais. O vento e o frio são uma constante no cimo do monte e as paredes das barracas de pouco lhes valem. AP

No dia 28 de Janeiro, inspirados pelos eventos ocorridos na Tunísia, os habitantes do Cairo começaram a perder o medo à ditadura em que viviam e saíram massivamente, a manifestar-se contra o regime. Depois de 18 dias de manifestações e confrontos com os apoiantes do regime de Hosni Mubarak, finalmente o ditador cedeu às pressões da praça Tahrir e afastou-se do poder, dando-se então início a uma fase de transição no maior país árabe do mundo. JCP

A um de Dezembro de 2011, o barco pesqueiro Virgem do Sameiro, que seguia com seis homens a bordo, foi dado como desaparecido ao largo da Figueira da Foz. Os naufragados eram todos das Caxinas, Vila do Conde, à excepção de um imigrante Ucraniano. A dois de Dezembro, os pescadores foram encontrados dentro de uma balsa por um helicóptero da Força Aérea que não participava das operações de busca e salvamento. Para muitos tratou-se de um milagre, pois que estes homens, o mestre José Manuel Coentrão, João Coentrão, Prudenciano Pereira, António Fernando Maravalhas, Manuel Oliveira e Tereskhov Vladyslav aguentaram três noites no mar, ao frio, sem comida, no meio de uma tempestade, rezando o terço. NA

Em Junho de 2011, o primeiro-ministro José Sócrates enfrentou uma nova luta eleitoral. Com o país mergulhado numa profunda crise económica, Sócrates viajou de Norte a Sul à procura do voto dos eleitores portugueses. O resultado final ditou a derrota do líder socialista e posteriormente a sua retirada da vida política. MC

O nascimento da ciência foi a morte da superstição.
Thomas Huxley

O homem sempre procurou respostas. Ao longo da história, no decorrer dos tempos, procurámos sempre encontrar formas de justificar a nossa existência, razões que justificassem aquilo que a nossa mente não conseguia.Há muito tempo atrás, outras verdades eram tidas como certas. Nessa época, homens e mulheres de fé diziam possuir a cura para todos os males, as respostas para todas as inquietações. Eram mestres, detentores de uma verdade e sabedoria que o comum dos mortais podia apenas imaginar. Hoje, parecem ter desaparecido. Empurrados pela civilização para um lugar obscuro, aí permanecem, escondidos do olhar do mundo moderno. MP

Ninja tem 42 anos e é toxicodependente há vinte. Hoje em dia vive em Olhão, numa casa abandonada que se assemelha a um paraíso, quando comparada com as celas por onde passou. Recebe em casa muita gente, gente como ele; teve muitas mulheres mas só a uma é fiel: a sua heroína. Dos cantos da casa brotam histórias em estilhaços, retalhos de outras vidas que inundam o vazio da sua. Ao fundo, o corredor leva ao terraço. É ali que, faça sol ou chuva, lava o corpo numa espécie de casa de banho improvisada ao ar livre. A alma, há muito que deixou de o fazer! Ninja assume vícios e crimes. Conheceu praticamente todas as cadeias do país, onde viveu atrás de grades por onde o sol espreitava sem nunca brilhar. Tem a memória turva, semicerra os olhos e engrossa a voz e, quando a noite se faz verdadeiramente noite, afunda-se em pesadelos de arrepiar. São sempre iguais. É arrastado no escuro por estreitos corredores. Submetem-no. O silêncio é um rugido que nunca chega a ser escutado. JF

É o método mais recente de conservação do corpo. Consiste num conjunto de técnicas executadas num corpo cadáver, como a lavagem e injecção de líquidos conservantes, que permitem evitar o risco de infecção. O restauro e a cosmética dão ao corpo uma aparência mais serena e saudável. Desta forma, o ente querido fica preparado para a cerimónia fúnebre. RG

De uma antiga fábrica de têxteis, situada no número 341 da Rua da Alegria, no Porto, nasceu em 2005 a Fábrica da ESMAE (Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo), utilizada por oito novas companhias de teatro, como a PELE, o Teatro Erva Daninha e a Radar 360 e por uma produtora de cinema, para o desenvolvimento das suas atividades profissionais. Os “inquilinos culturais” do espaço não pagam renda, luz ou água e, em contrapartida, são desafiados a preservar a fábrica, fazendo pequenas reparações. RMO

Acompanhamento durante três dias dos bastidores e passagens de modelos do Portugal Fashion. PM

O festival SONAR reúne na cidade galega da Corunha milhares de jovens ansiosos por assistir às mais recentes exibições de dj’s e escutar as bandas de música electrónica e progressiva do momento. MR

Moçambique é um país rico em florestas, a maior parte das quais localizadas na região do Zambeze, junto ao parque da Gorongosa. Hoje a sua situação é dramática e desaparecerão em breve, caso não sejam tomadas medidas nesse sentido. A culpa não é dos compradores Chineses, ainda que estes se aproveitem da situação. As razões do seu desaparecimento devem-se à falta de leis de conservação e à corrupção das autoridades. Concede-se licenciamento de florestas a baixo custo, baseado em leis de há cinquenta anos atrás e, nalguns casos, a licença representa o lucro de um ano de corte de árvores. A exploração das florestas nem sempre é controlada pelas autoridadese estas são corruptas; como consequência, cortam-se muitas árvores que não são passíveis de regeneração, recorre-se ao fogo para descobrir quais as melhores árvores para o corte, destruindo o subsolo e, por vezes, quando não existem árvores adequadas, cortam-se árvores jovens. TR

Esta série de fotos baseia-se no meu trabalho para o projecto internacional Meet Your Neighbour, que leva o estúdio para o campo e fotografa animais selvagens contra fundos brancos, com uma técnica de uso de flash que permite criar este aspecto. No entanto, este projecto é uma derivação do MYN, dado que estas aves, da Falcoaria da Tapada Nacional de Mafra, são aves de cativeiro e foram fotografadas num estúdio improvisado na Tapada, não se encaixando, por isso mesmo, no referido projecto. O que me interessou, contudo, foi explorar o contraste criado pela técnica para promover a apresentação destas aves. JA

Pelo menos uma vez por semana um aldeão de Tete morre devido ao ataque de um crocodilo no rio Zambeze. Morrem cerca de oitenta pessoas por ano e centenas delas ficam estropiadas. Mas o número de vítimas deve ser bem maior, pois quem desaparece no rio raramente é dado como morto. Eis a ironia da relação homem/réptil. Matar um crocodilo sem licença é crime punido pela lei em Moçambique mas não por motivos de conservação da espécie. O delta do rio Zambeze é o local favorito dos caçadores estrangeiros dispostos a pagar milhares de dólares por uma licença para caçar crocodilos e levá-los para casa como troféu. VS

Moçambique tem uma área de 799 380 km². Este território está ocupado por homens e mulheres, crianças e velhos, nacionais e estrangeiros, cristãos e muçulmanos, sionistas e ateus, doentes e sãos, famílias e órfãos, patrões e empregados, pedintes e doadores, justos e bandidos. Esta série de doze retratos é um mosaico que ilustraa ocupação territorial, social e imagética de um país. O espaço tomado pelo indivíduo, a sua presença na paisagem e no tecido social são a materialização da sua existência. De igual forma, o retrato materializa códigos e valores associados à sua imagem e ao seu desempenho social. A profissão ou o passatempo fazem pose no corpo do retratado e o que a lente fixa são todas as singularidades de um ofício encarnado pelo melhor modelo – aquele que se ocupa do seu exercício. FB

Em 1993 realizei um projecto fotográfico na Escola Primária de Cabanelas, em Vale de Cambra. Era uma escola muito pobre com onze alunos e uma professora. Os alunos, da 1.ª à 4.ª classe, estavam todos juntos numa única sala. Passaram dezoito anos e nunca mais regressei à aldeia. A convite do canal de televisão SIC, aceitei participar no programa Perdidos e Achados com base nas minhas fotografias. Durante meses procurei os meninos de Cabanelas e a professora, até que consegui juntá-los a todos na antiga escola, agora abandonada. Foi um dia de festa. Com as memórias à flor da pele, voltei a fotografar os meninos, agora homens e mulheres. É a fotografia da memória, do documento e dos afectos. AM

Reportagem sobre os melhores spots para a prática de surf em Portugal. PC

Congresso do Concurso Internacional Hípico no Porto – CSI Porto 2011. RM