Nos últimos dois anos tive o privilégio de integrar o júri de vários concursos de fotografia. E, para mim, todos eles são igualmente importantes pois servem os mesmos fins – descobrir novos talentos ou honrar os já conhecidos, ajudar-nos a entender o papel importante do fotojornalismo perante os novos desafios que se apresentam aos meios de informação, e, finalmente, explorar novas formas de contar histórias com imagens.
Na edição de 2017 em Viana do Castelo, tive o prazer de partilhar o júri com três profissionais extraordinários – Bénédicte Kurzen, Tyler Hicks e Andrei Polikanov –, todos eles com abordagens abertas, justos e exigentes no que toca à qualidade. Muito embora venhamos de contextos e antecedentes profissionais diferentes, conseguimos concordar na selecção das melhores fotografias e nunca ficámos paralisados em discussões fúteis. Admito que o meu conhecimento da fotografia em Portugal é, no mínimo, limitado. Sendo a avaliação anónima, só agora pude conhecer os nomes e os talentos por detrás das imagens: a originalidade de João Carvalho Pina ao mostrar-nos um Rio de Janeiro muito diferente durante os Jogos Olímpicos de 2016, o olhar desafiante que Jesús Madriñán coloca nos seus retratos, as múltiplas facetas de Ana Brígida, ou a fotografia como testemunha de um drama no trabalho de Felipe Carnotto.
Uma das categorias de avaliação mais compensadora é sem dúvida a atribuição de uma bolsa para desenvolvimento de um projecto – não só porque ajuda um fotógrafo, mas também porque há uma certa habilidade de jogo nesse processo. Revimos em profundidade todos e cada trabalho apresentado. O vencedor deste ano é Leonel de Castro, que se propõe a mostrar-nos as transformações vividas pelas gentes do mar na costa do Minho. É desde logo uma boa razão para voltarmos em 2018 e ver os resultados. Gostaria de agradecer ao Luís Vasconcelos e ao Bruno Portela pela enorme gentileza e dedicação a este prémio, e a todos que compõem a Estação Imagem pela sua eficiência e simpatia. Por último, mas não menos importante, à cidade de Viana do Castelo e ao seu presidente da Câmara, José Maria Costa.
Numa nota de despedida, incito os fotojornalistas a participarem em números ainda mais consistentes no próximo ano. Um apelo para que nos mostrem o quão vibrante e dinâmico é o fotojornalismo em Portugal.
FRANCIS KOHN
Abril 2017