MUSEU DE ARTES DECORATIVAS
Largo de S. Domingos
Ter A sex 10h-18h
Sáb E dom 10h-13h / 15h-18h
Encerra seg e Fer
TANYA HABJOUQA
Apresentando-se como um retrato multidimensional, “Prazeres sob ocupação” é uma nuance sobre a capacidade que a humanidade tem de encontrar prazer no meio das circunstâncias difíceis que se vivem no Território Palestino Ocupado, em Jerusalém, e em Gaza. Balançando entre significados passivos e activos: o ser-se ocupado por Israel e o ocupar-se a si mesmo, alegre e desafiante, com passatempos, nos pequenos prazeres.
Mais de quatro milhões de palestinianos vivem na Cisjordânia (West Bank), em Gaza, e em Jerusalém Leste, onde a situação política condiciona os momentos mundanos do dia-a-dia. A mobilidade é limitada e a ameaça de violência paira sobre as pessoas. Os desejos pelos pequenos prazeres são fortemente reforçados por esta situação, e agudiza o sentido de humor quando nos deparamos com as absurdidades que emergiram ao longo destes quarenta e nove anos de ocupação.
Gaza é um lugar díficil para as mulheres. O cerco não afecta apenas a economia. Ele interpõe-se nos sonhos mais básicos e nos espaços onde, simplesmente, se quer estar. Apesar da devastação, prevalece um espírito de comunidade e de elegância. A vida continua e, dessa forma, também as tradições e o respeito próprio – resiste-se contra aceitar o sofrimento como uma coisa comum ou esperada.
Contra todas as circunstâncias, as mulheres continuam a cuidar das suas famílias, a lutar pela educação e a prosseguir as suas carreiras. TH
ANTIGOS PAÇOS DO CONCELHO
Praça da República
TODOS OS DIAS 10h-18h
BRUNO SIMÕES CASTANHEIRA
Os cumes montanhosos das serranias do Gerês estendem-se em tonalidades difusas e traços imprecisos para além da vista do horizonte. O vento corre no silêncio do espaço vazio e reconhece-se tudo a partir do halo físico emanado da massa sólida da criação original. É um lugar perfeito, a morada ideal, onde ultrapassamos a imperfeição da existência. Nesse espaço inteiro, as marcas da milenar ocupação humana revelam-se desapercebidas na tela da paisagem – a ruína de um muro, o vestígio de um caminho. É então que se dá a transmutação de um estado sublime para a contingência da nossa humanidade. E a palavra faz-se carne e passa a habitar entre nós.
A partir desse vislumbre de imperfeição, transpomos a concepção da natureza como unidade diferenciada, matéria-prima a partir da qual a vida dos homens é construída. Como em Marx, ela está em “interacção metabólica” com o homem. A natureza produz homens, e os homens transformam a natureza. Gente que molda a paisagem; a paisagem que molda a gente. Até que, no transcorrer silencioso do tempo, gente e paisagem se fazem unidade.
Esta transacção faz-se visível com a descida aos povoados. Nas práticas de transumância, na vida com os animais, no cultivo dos campos, nos usos do espaço da casa e da rua. São modos de viver e habitar o mundo em declínio devido a novas ordens de relação social e económica.
Desse modo de viver, que não mais faz parte do presente, podemos registar apenas um simulacro. Uma memória que nunca poderá ser memória autêntica, porque esse passado que foi não volta a ser. Dele resta apenas o que é no tempo presente, os seus sinais, os seus traços. É aí que se radica o acto de criação, pela acção voluntária de encontro com as próprias origens, pela relação íntima e desapegada de si com os outros, pela completa imersão na experiência do tempo presente. Para mergulhar nessas águas que abundam em toda a área do Parque, indispensáveis à vida e à fixação do homem, e voltar ao princípio original de todas as coisas. BSC Abril 2017
1.° ANDAR ANTIGOS
PAÇOS DO CONCELHO
Praça da República
TODOS OS DIAS 10h-18h
DAVID GUTTENFELDER
David Guttenfelder viajou pelo mundo durante duas décadas, muitas vezes registando através da fotografia lugares devastados pela guerra como o Ruanda, Kosovo e Afeganistao. Enquanto fotógrafo da Associated Press cobrindo toda a vasta região da Ásia, Guttenfelder tornou-se o primeiro fotógrafo ocidental a ter acesso regular à Coreia do Norte. Nos anos que se seguiram, explorou esse isolado país através de reportagens, mas também, com o uso do seu telemóvel, conseguiu adicionar um registo visual do dia-a-dia naquele lugar. O seu trabalho foi exibido em diversas revistas e jornais de todo o mundo, tornando-o um dos mais respeitados fotojornalistas.
Ao longo desses anos, Guttenfelder raramente dialogou frente a frente com o seu público – a publicação e ligação com as suas fotografias foram sempre mediadas pelos meios tradicionais de comunicação. Isto mudou com a adesão ao Instagram em 2012. Intrigava-o o potencial das aplicações na redefinição da maneira como a fotografia era criada, partilhada e experienciada; além disto, frustava-o ver os fotojornalistas postos de lado no que ele imaginava ser uma revolução visual – uma revolução que levasse à democratização da fotografia. Guttenfelder (@dguttenfelder) abraçou o desafio. Pela primeira vez na sua carreira via-se agora a interagir directamente com uma comunidade que, para além de o seguir para o terreno, mostrava-se comprometida com a sua maneira de ver o mundo.
Mais do que tudo, o Instagram tornou-se uma forma de Guttenfelder partilhar imagens que de outro modo nunca seriam vistas; imagens, aparentemente fora do domínio noticioso, trazidas das suas viagens e experiências com diferentes civilizações e culturas. Abraçou, pois, a natureza vernacular da plataforma, partilhando fotografias da vida quotidiana e de objectos com que se cruzava na Coreia do Norte. No conjunto, as imagens surgiam como as peças de um puzzle – agrupadas no seu “feed” do Instagram (e na conta @everydaydprk) – providenciavam um registo visual da sociedade da Coreia do Norte, sem dúvida, uma visão do outro lado do muro da nação isolada.
Depois de vinte anos fora do seu país, David Guttenfelder voltou aos Estados Unidos enquanto membro da National Geographic (@natgeo). Agora, como um estranho na sua terra, emprega a mesma abordagem fotográfica que usou na Coreia do Norte mas, desta vez, para descobrir o seu próprio país. E o seu crescente público no Instagram tem-no seguido (assim como à sua conta @everydayusa), explorando assim tanto o familiar como o extraordinário à medida que Guttenfelder captura a essência da “American life” e da sua cultura em centenas de imagens. Olivier Laurent
MUSEU DO TRAJE
Praça República
Ter A sex 10h-18h
Sáb E dom 10h-13h / 15h-18h
Encerra seg e Fer
YANNIS BEHRAKIS
Fugiram na escuridão da noite, com os seus pertences em sacos de plástico pretos.
Esconderam-se em camiões ou em barcos apinhados de gente, andaram e andaram, passando checkpoints e barricadas, atravessaram rios e montanhas.
Deixaram as suas casas em busca de segurança: desde a Bósnia, Somália, Albânia, Iraque, Croácia, Líbia, Chechénia, Kosovo, Síria, e tantos outros lugares. Pais, irmãos e esposas formam deixados para trás. Muitos nunca chegaram. Muitos mais ficarão, para sempre, deslocados.
Durante quase três décadas, Yannis Behrakis, o fotógrafo da Reuters, testemunhou o gigantesco movimento de pessoas – dos oprimidos e atormentados, dos ameaçados e batidos no Médio Oriente, África, Ásia, nos Balcãs e pela Europa fora. As suas fotografias erguem-se como evidência da natureza cíclica dos conflitos e servem para nos lembrar que o êxodo é algo inevitável em tempos de guerra.
“Quero que a fotografia que faço estabeleça um laço, um sentimento de responsabilidade partilhada pelo infortúnio de outros encurralados pelos eventos em lugares distantes...Odeio a guerra, mas quero registar o sofrimento. Quero que o observador sinta desconforto, avisado e, porventura, culpado.”
A sua lente captou viagens de esperança e desespero. As suas fotografias falam de coragem e perseverança, do sofrimento e da determinação de pessoas, muitas vezes maiores que a própria vida, de famílias afastadas pelas batalhas, de uma mãe separada do pequeno filho.
No ano de 2015, a Europa foi confrontada com a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. Perto de um milhão de pessoas fugiram à guerra ou à pobreza que assola as suas terras natais e conseguiram fazer a travessia desde a Turquia até à Grécia numa luta pela sobrevivência e por uma vida decente.
Para Behrakis, estes acontecimentos adquirem uma ordem muito pessoal. A sua avó nasceu no seio de uma famíla da Grécia em Smyrma (hoje, Izmir, costa da Turquia) de onde teve de fugir em 1922 como refugiada durante o grande incêndio que varreu aquela cidade.
“Lembro-me das suas estórias: de como ela e a sua irmã mais nova sobreviveram, evacuadas de Marselha a bordo de um navio da marinha francesa, de como viveu num mosteiro durante anos até que os pais a encontraram através da Cruz Vermelha.
Quando vi os refugiados a tentarem a travessia desde a costa turca até às ilhas gregas, quis tornar-me na sua voz. Pelos meus valores humanitários e em memória da minha avó.”
Ao longo do último ano, Behrakis tem fotografado vidas despojadas de qualquer privacidade. Sem se intrometer, viu tanto o seu alívio quando alcançavam o solo europeu como os olhares aterrorizados pela incerteza do que se seguia.
“Quis ser a voz dos perseguidos e os olhos do público em geral. Trabalhar para a Reuters significa que o meu público é o planeta inteiro e isto é uma grande responsabilidade sobre os meus ombros. Por estas fotografias e reportagens que fiz, ninguém poderá vir dizer que não sabia de nada.” Karolina Tagaris
ESPAÇO LINHA NORTE
Estação Viana Shopping
seg A dom 10h-18h
FELIPE DANA
O vírus Zika foi originalmente encontrado em África e isolado em 1947. Os primeiros casos de Zika no Brasil surgiram em 2015 e rapidamente se espalharam pela América. A região nordeste do Brasil foi particularmente afectada, região assolada pela pobreza profunda e de clima tropical propício a infestações crónicas pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus aos humanos.
Logo após o aparecimento dos primeiros casos no Brasil, milhares de recém-nascidos apresentavam uma condição conhecida como microcefalia congénita, i.e., uma cabeça anormalmente pequena e um desenvolvimento limitado do cérebro. O governo do Brasil declarou o estado de emergência, alocando mais de 200 mil soldados em visitas domiciliárias para a erradicação do mosquito Aedes, espécie que transporta igualmente o vírus da dengue e a chikungunya (chicungunha ou catolotolo).
O mosquito Aedes aegypti propaga-se em ambientes humanos, reproduzindo-se em água estagnadas. A espécie, tal como outros mosquitos, é comum no dia-a dia de áreas urbanas desfavorecidas e sem condições básicas onde os esgotos correm em valas abertas e onde os serviços de recolha de lixo são limitados ou inexistentes.
Os sintomas da Zika são normalmente pouco severos e de curta duração, de tal modo que a maioria das pessoas não se apercebe de que está infectada. Os cientistas apresentaram evidências sobre a relação causal entre a infecção pelo vírus durante a gravidez e a microcefalia e danos cerebrais no feto. É, pois, comum o aborto espontâneo entre mulheres grávidas transportadoras do vírus; muitos recém-nascidos morrem durante o parto ou logo após. Os que sobrevivem, necessitam de cuidados médicos constantes, terapia física e estimulação cognitiva.
Porém, em países sem sistemas de saúde adequados, tal como o Brasil e particularmente na região empobrecida do Nordeste, muitas famílias não têm meios financeiros para o tratamento médico. Felipe Dana
ESPAÇO LINHA NORTE
Estação Viana Shopping
seg A dom 10h-18h
CHRIS STEELE-PERKINS
ALEX MAJOLI
STUART FRANKLIN
MOISES SAMAN
SUSAN MEISELAS
CHRISTOPHER ANDERSON
BRUCE GILDEN
PAUL FUSCO
THOMAS DWORZAK
BRUNO BARBEY
ROBERT CAPA
NIKOS ECONOMOPOULOS
ELI REED
LEONARD FREED
A. ABBAS
WERNER BISCHOF
BRUNO BARBEY
JEAN GAUMY
JOHN VINK
KRYN TACONIS
PAOLO PELLEGRINI
CRISTINA GARCIA RODERO
JEROME SESSINI
PHILIP JONES GRIFFITHS
MAGNUM PHOTOS BY CANON
INAUGURO#54
MAPA DAS EXPOSIÇÕES
16:35
19:00
20:45
23:40
18:05
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20:30
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01:05
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17:05
19:00
21:00
23:40
ORGANIZAÇÂO
PATROCINADOR PRINCIPAL
PATROCINADORES
PARCEIROS MEDIA
APOIOS
PARCERIAS
MUSEU DE ARTES DECORATIVAS
Largo de S. Domingos
Ter A sex 10h-18h
Sáb E dom 10h-13h / 15h-18h
Encerra seg e Fer
TANYA HABJOUQA
Apresentando-se como um retrato multidimensional, “Prazeres sob ocupação” é uma nuance sobre a capacidade que a humanidade tem de encontrar prazer no meio das circunstâncias difíceis que se vivem no Território Palestino Ocupado, em Jerusalém, e em Gaza. Balançando entre significados passivos e activos: o ser-se ocupado por Israel e o ocupar-se a si mesmo, alegre e desafiante, com passatempos, nos pequenos prazeres.
Mais de quatro milhões de palestinianos vivem na Cisjordânia (West Bank), em Gaza, e em Jerusalém Leste, onde a situação política condiciona os momentos mundanos do dia-a-dia. A mobilidade é limitada e a ameaça de violência paira sobre as pessoas. Os desejos pelos pequenos prazeres são fortemente reforçados por esta situação, e agudiza o sentido de humor quando nos deparamos com as absurdidades que emergiram ao longo destes quarenta e nove anos de ocupação.
Gaza é um lugar díficil para as mulheres. O cerco não afecta apenas a economia. Ele interpõe-se nos sonhos mais básicos e nos espaços onde, simplesmente, se quer estar. Apesar da devastação, prevalece um espírito de comunidade e de elegância. A vida continua e, dessa forma, também as tradições e o respeito próprio – resiste-se contra aceitar o sofrimento como uma coisa comum ou esperada.
Contra todas as circunstâncias, as mulheres continuam a cuidar das suas famílias, a lutar pela educação e a prosseguir as suas carreiras. TH
ANTIGOS PAÇOS DO CONCELHO
Praça da República
TODOS OS DIAS 10h-18h
BRUNO SIMÕES CASTANHEIRA
Os cumes montanhosos das serranias do Gerês estendem-se em tonalidades difusas e traços imprecisos para além da vista do horizonte. O vento corre no silêncio do espaço vazio e reconhece-se tudo a partir do halo físico emanado da massa sólida da criação original. É um lugar perfeito, a morada ideal, onde ultrapassamos a imperfeição da existência. Nesse espaço inteiro, as marcas da milenar ocupação humana revelam-se desapercebidas na tela da paisagem – a ruína de um muro, o vestígio de um caminho. É então que se dá a transmutação de um estado sublime para a contingência da nossa humanidade. E a palavra faz-se carne e passa a habitar entre nós.
A partir desse vislumbre de imperfeição, transpomos a concepção da natureza como unidade diferenciada, matéria-prima a partir da qual a vida dos homens é construída. Como em Marx, ela está em “interacção metabólica” com o homem. A natureza produz homens, e os homens transformam a natureza. Gente que molda a paisagem; a paisagem que molda a gente. Até que, no transcorrer silencioso do tempo, gente e paisagem se fazem unidade.
Esta transacção faz-se visível com a descida aos povoados. Nas práticas de transumância, na vida com os animais, no cultivo dos campos, nos usos do espaço da casa e da rua. São modos de viver e habitar o mundo em declínio devido a novas ordens de relação social e económica.
Desse modo de viver, que não mais faz parte do presente, podemos registar apenas um simulacro. Uma memória que nunca poderá ser memória autêntica, porque esse passado que foi não volta a ser. Dele resta apenas o que é no tempo presente, os seus sinais, os seus traços. É aí que se radica o acto de criação, pela acção voluntária de encontro com as próprias origens, pela relação íntima e desapegada de si com os outros, pela completa imersão na experiência do tempo presente. Para mergulhar nessas águas que abundam em toda a área do Parque, indispensáveis à vida e à fixação do homem, e voltar ao princípio original de todas as coisas. BSC Abril 2017
1.° ANDAR ANTIGOS
PAÇOS DO CONCELHO
Praça da República
TODOS OS DIAS 10h-18h
DAVID GUTTENFELDER
David Guttenfelder viajou pelo mundo durante duas décadas, muitas vezes registando através da fotografia lugares devastados pela guerra como o Ruanda, Kosovo e Afeganistao. Enquanto fotógrafo da Associated Press cobrindo toda a vasta região da Ásia, Guttenfelder tornou-se o primeiro fotógrafo ocidental a ter acesso regular à Coreia do Norte. Nos anos que se seguiram, explorou esse isolado país através de reportagens, mas também, com o uso do seu telemóvel, conseguiu adicionar um registo visual do dia-a-dia naquele lugar. O seu trabalho foi exibido em diversas revistas e jornais de todo o mundo, tornando-o um dos mais respeitados fotojornalistas.
Ao longo desses anos, Guttenfelder raramente dialogou frente a frente com o seu público – a publicação e ligação com as suas fotografias foram sempre mediadas pelos meios tradicionais de comunicação. Isto mudou com a adesão ao Instagram em 2012. Intrigava-o o potencial das aplicações na redefinição da maneira como a fotografia era criada, partilhada e experienciada; além disto, frustava-o ver os fotojornalistas postos de lado no que ele imaginava ser uma revolução visual – uma revolução que levasse à democratização da fotografia. Guttenfelder (@dguttenfelder) abraçou o desafio. Pela primeira vez na sua carreira via-se agora a interagir directamente com uma comunidade que, para além de o seguir para o terreno, mostrava-se comprometida com a sua maneira de ver o mundo.
Mais do que tudo, o Instagram tornou-se uma forma de Guttenfelder partilhar imagens que de outro modo nunca seriam vistas; imagens, aparentemente fora do domínio noticioso, trazidas das suas viagens e experiências com diferentes civilizações e culturas. Abraçou, pois, a natureza vernacular da plataforma, partilhando fotografias da vida quotidiana e de objectos com que se cruzava na Coreia do Norte. No conjunto, as imagens surgiam como as peças de um puzzle – agrupadas no seu “feed” do Instagram (e na conta @everydaydprk) – providenciavam um registo visual da sociedade da Coreia do Norte, sem dúvida, uma visão do outro lado do muro da nação isolada.
Depois de vinte anos fora do seu país, David Guttenfelder voltou aos Estados Unidos enquanto membro da National Geographic (@natgeo). Agora, como um estranho na sua terra, emprega a mesma abordagem fotográfica que usou na Coreia do Norte mas, desta vez, para descobrir o seu próprio país. E o seu crescente público no Instagram tem-no seguido (assim como à sua conta @everydayusa), explorando assim tanto o familiar como o extraordinário à medida que Guttenfelder captura a essência da “American life” e da sua cultura em centenas de imagens. Olivier Laurent
MUSEU DO TRAJE
Praça República
Ter A sex 10h-18h
Sáb E dom 10h-13h / 15h-18h
Encerra seg e Fer
YANNIS BEHRAKIS
Fugiram na escuridão da noite, com os seus pertences em sacos de plástico pretos.
Esconderam-se em camiões ou em barcos apinhados de gente, andaram e andaram, passando checkpoints e barricadas, atravessaram rios e montanhas.
Deixaram as suas casas em busca de segurança: desde a Bósnia, Somália, Albânia, Iraque, Croácia, Líbia, Chechénia, Kosovo, Síria, e tantos outros lugares. Pais, irmãos e esposas formam deixados para trás. Muitos nunca chegaram. Muitos mais ficarão, para sempre, deslocados.
Durante quase três décadas, Yannis Behrakis, o fotógrafo da Reuters, testemunhou o gigantesco movimento de pessoas – dos oprimidos e atormentados, dos ameaçados e batidos no Médio Oriente, África, Ásia, nos Balcãs e pela Europa fora. As suas fotografias erguem-se como evidência da natureza cíclica dos conflitos e servem para nos lembrar que o êxodo é algo inevitável em tempos de guerra.
“Quero que a fotografia que faço estabeleça um laço, um sentimento de responsabilidade partilhada pelo infortúnio de outros encurralados pelos eventos em lugares distantes...Odeio a guerra, mas quero registar o sofrimento. Quero que o observador sinta desconforto, avisado e, porventura, culpado.”
A sua lente captou viagens de esperança e desespero. As suas fotografias falam de coragem e perseverança, do sofrimento e da determinação de pessoas, muitas vezes maiores que a própria vida, de famílias afastadas pelas batalhas, de uma mãe separada do pequeno filho.
No ano de 2015, a Europa foi confrontada com a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. Perto de um milhão de pessoas fugiram à guerra ou à pobreza que assola as suas terras natais e conseguiram fazer a travessia desde a Turquia até à Grécia numa luta pela sobrevivência e por uma vida decente.
Para Behrakis, estes acontecimentos adquirem uma ordem muito pessoal. A sua avó nasceu no seio de uma famíla da Grécia em Smyrma (hoje, Izmir, costa da Turquia) de onde teve de fugir em 1922 como refugiada durante o grande incêndio que varreu aquela cidade.
“Lembro-me das suas estórias: de como ela e a sua irmã mais nova sobreviveram, evacuadas de Marselha a bordo de um navio da marinha francesa, de como viveu num mosteiro durante anos até que os pais a encontraram através da Cruz Vermelha.
Quando vi os refugiados a tentarem a travessia desde a costa turca até às ilhas gregas, quis tornar-me na sua voz. Pelos meus valores humanitários e em memória da minha avó.”
Ao longo do último ano, Behrakis tem fotografado vidas despojadas de qualquer privacidade. Sem se intrometer, viu tanto o seu alívio quando alcançavam o solo europeu como os olhares aterrorizados pela incerteza do que se seguia.
“Quis ser a voz dos perseguidos e os olhos do público em geral. Trabalhar para a Reuters significa que o meu público é o planeta inteiro e isto é uma grande responsabilidade sobre os meus ombros. Por estas fotografias e reportagens que fiz, ninguém poderá vir dizer que não sabia de nada.” Karolina Tagaris
ESPAÇO LINHA NORTE
Estação Viana Shopping
seg A dom 10h-18h
FELIPE DANA
O vírus Zika foi originalmente encontrado em África e isolado em 1947. Os primeiros casos de Zika no Brasil surgiram em 2015 e rapidamente se espalharam pela América. A região nordeste do Brasil foi particularmente afectada, região assolada pela pobreza profunda e de clima tropical propício a infestações crónicas pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus aos humanos.
Logo após o aparecimento dos primeiros casos no Brasil, milhares de recém-nascidos apresentavam uma condição conhecida como microcefalia congénita, i.e., uma cabeça anormalmente pequena e um desenvolvimento limitado do cérebro. O governo do Brasil declarou o estado de emergência, alocando mais de 200 mil soldados em visitas domiciliárias para a erradicação do mosquito Aedes, espécie que transporta igualmente o vírus da dengue e a chikungunya (chicungunha ou catolotolo).
O mosquito Aedes aegypti propaga-se em ambientes humanos, reproduzindo-se em água estagnadas. A espécie, tal como outros mosquitos, é comum no dia-a dia de áreas urbanas desfavorecidas e sem condições básicas onde os esgotos correm em valas abertas e onde os serviços de recolha de lixo são limitados ou inexistentes.
Os sintomas da Zika são normalmente pouco severos e de curta duração, de tal modo que a maioria das pessoas não se apercebe de que está infectada. Os cientistas apresentaram evidências sobre a relação causal entre a infecção pelo vírus durante a gravidez e a microcefalia e danos cerebrais no feto. É, pois, comum o aborto espontâneo entre mulheres grávidas transportadoras do vírus; muitos recém-nascidos morrem durante o parto ou logo após. Os que sobrevivem, necessitam de cuidados médicos constantes, terapia física e estimulação cognitiva.
Porém, em países sem sistemas de saúde adequados, tal como o Brasil e particularmente na região empobrecida do Nordeste, muitas famílias não têm meios financeiros para o tratamento médico. Felipe Dana
ESPAÇO LINHA NORTE
Estação Viana Shopping
seg A dom 10h-18h
CHRIS STEELE-PERKINS
ALEX MAJOLI
STUART FRANKLIN
MOISES SAMAN
SUSAN MEISELAS
CHRISTOPHER ANDERSON
BRUCE GILDEN
PAUL FUSCO
THOMAS DWORZAK
BRUNO BARBEY
ROBERT CAPA
NIKOS ECONOMOPOULOS
ELI REED
LEONARD FREED
A. ABBAS
WERNER BISCHOF
BRUNO BARBEY
JEAN GAUMY
JOHN VINK
KRYN TACONIS
PAOLO PELLEGRINI
CRISTINA GARCIA RODERO
JEROME SESSINI
PHILIP JONES GRIFFITHS
MAGNUM PHOTOS BY CANON