Os festivais e os prémios de fotografia são momentos e eventos preciosos para o fotojornalismo: representam ocasiões raras para todos os fotógrafos que zeram a escolha difícil e empenhada de documentar e testemunhar a nossa época, de mostrar o seu trabalho, de partilhá-lo, de o ver exposto, publicado e recompensado.
Assim, foi com muito entusiasmo, humildade e respeito que nós, Michael Kamber, George Steinmetz, Darrin Zammit Lupi e eu próprio, membros do Júri desta décima edição do PRÉMIO ESTAÇÃO IMAGEM, examinámos as fotografias e reportagens que concorreram neste ano.
Histórias de homens, de mulheres, da vida em sociedade, actualidades dramáticas ou felizes, tradições, culturas, ambiente… Todas as facetas que compõem o mosaico do mundo em que vivemos estiveram presentes.
Uma oportunidade rara, portanto, de podermos, no espaço de alguns dias, parar e observar de perto a nossa época graças ao trabalho dos fotógrafos.
Proporcionou-nos, também, uma sensação estranha ao ver desfilar diante dos nossos olhos tantos excertos, tantas pausas em imagens de um filme cuja história, ao mesmo tempo, prossegue a sua louca trajectória.
É no pôr em suspenso a corrida desvairada da história, por um instante, para se ter tempo de a observar, estudar e compreender, que reside toda a força e sentido do fotojornalismo.
Diz-se que «aquilo que não se vê, não existe» ou que «aquilo que não fica registado, não permanece». É também aí que os fotógrafos encontram toda a sua essência e onde nós precisamos deles: mostrar aos olhos do mundo o que eles viram para que tal possa «existir»; captá-lo e fixá-lo para que o mesmo consiga durar.
Numa altura em que tudo acontece cada vez mais depressa, e as evoluções das nossas sociedades acontecem a um ritmo que é muitas vezes difícil de acompanhar, precisamos mais do que nunca que alguns de nós se disponham a ter tempo e empenho para dar o seu testemunho e documentar o mundo a fim de nos ajudar a conhecê-lo, compreendê-lo e reflectir sobre ele. Olhar e ver para propor a reflexão, é o que os fotógrafos fazem.
Para além de porventura nunca terem sido tão indispensáveis, decididamente eles também nunca foram tão merecedores como agora: ser fotojornalista hoje nunca foi tão exigente – economicamente, politicamente e fisicamente.
Que fique expresso aqui o nosso caloroso agradecimento a eles, bem como a toda a equipa da Estação Imagem.
Respeito!
STÉPHANE ARNAUD
Maio 2019